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13 maio 2009

Alguns minutos na Estação da Lapa, em Salvador



Os últimos dias em Salvador tem sido de muita chuva. A vontade que temos é de ficar em casa. No entanto, há atividades a serem cumpridas. Então, vamos lá! De um lado da Estação da Lapa, está eu. Vestido, bem alimentado. Graças a Deus dormi muito bem, obrigado!

Do outro está um garoto de cabeça baixa, talvez pensando na vida. Afinal, apesar de novo, o dia-a-dia já lhe trazia marcas negativas. Com passadas de tartaruga ele vinha em direção à mim. Menino negro, cabelos pretos, trazia em seu corpo uma camiseta preta e um short branco que de tão sujo parecia ser preto, também. Naquele momento o que existia em comum entre nós dois, era que estávamos nos protegendo da chuva.

O menino colocava as mãos por dentro da camisa para se proteger do frio. Continuava andando. Parou, pensou. Olhou para todos os lados. Vislumbrava as alturas quando, de repente, exclamou: “Eu to com fome!”. Muitos olharam, porém nada fizeram, inclusive eu. Naquele momento, estava na carteira apenas os meus documentos e o cartão de passagem (Salvador Card). O menino segue caminho e para em frente a uma senhora. Pede ajuda. Pela leitura dos lábios daquela mulher entendo o que ela falou: Eu não tenho dinheiro.

Várias pessoas passaram por aquele garoto. Todavia, não olhavam para ele. Aquele menino pede ajuda a outras pessoas, mas muitas delas viram os rostos.

A criança se torna invisível socialmente. Para muitas pessoas a vida é até ingrata por permitir que aquele garoto tenha uma passagem sofrida na Terra.

Muitos de nós, na maioria das vezes, temos a mesma atitude. Não ajudamos as pessoas com um sequer – eu não tenho – a fim de ajudar até mesmo emocionalmente, moralmente. Às vezes eles necessitam de atenção.

O tornar o outro invisível está arraigado em nosso ser, através de nossas atitudes discriminatórias. Caso estejamos bem, o papel em acudir o outro é apenas do Governo. Nós apenas criticamos e nos aquietamos.

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